quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Doce Lembrança, a cocadinha da vó Irene!

Ufa! Até parece que eu estava em férias prolongadas.. Mas não.. Eu estava e ainda estou super ocupada com a vida de casa e trabalho. Já tenho dois filhos e ainda me sinto aprendendo a conciliar o tempo de tudo. Quando escrevo aqui parece que estou no momento de fazer as unhas, um momento só meu. E como esses momentos são raros, os posts por aqui também ficaram, mas minha pretensão é contrária a isso e tenho planos incríveis para este bolg em 2015!
Falando de comida e de amor, pois é para isso que viemos. Em Janeiro minha avó de 92 anos passou uns dias em casa e logo aproveitei para garantir a herança de umas receitinhas.
A de hoje é a cocadinha caipira. Diferente das famosas cocadas baianas, esta cocadinha é mais conhecida pelo povo mineiro, mas mesmo assim vi pouco por aí, em 35 anos conheci 2 pessoas que faziam, minha avó e a tia Ana; agora eu e se topar a responsa, você!
Vou contar uma breve história sobre como a cocadinhaa estrelou momentos da minha infância e da minha relação com minha vó.
Irene, este é o nome da minha vó, mãe do meu pai. Foi criada na roça, numa casa simples com muitos irmãos e irmãs, sem muito romance e carinhos, aprenderam a se virar "na marra", como ela diz. As meninas na cozinha e nas roupas e os meninos na lida. Meu pai trouxe um pouco dessa herança rústica dentro dele mas me deu tanto carinho que só posso olhar para sua história como grande exemplo de superação. Ela, a vó Irene, sempre foi ótima com crianças, quando eu era pequena ela subia na árvore para colher jabuticabas comigo, por isso não me espanta vê-la ao 92, brincando de esconde-esconde (ativamente!) com João de 5 anos, ou brincando de bonecas sentada no chão com Sara de 1.
Então quando ela vinha nos visitar era marvilhoso, pois além de uma parceira de brincadeiras, eu tinha o previlégio de saborear os quitutes dela. Um dos preferidos, era a cocadinha, no início da receita a graça era raspar a lata de leite condensado, ela sempre reclamava, dizia que era perigoso cortar o dedo e era mesmo, mas agora eu descobri porque ela reclamava memso, porque ela adora raspar a lata de leite condensado, ela não confessou mas agora que eu não gosto mais e nem devo, a lata ficou ali sem concorrência por 1 segundo, então ela logo pegou um colherinha sentou e raspou até eliminar todos os vestígios, quando o João chegou já era! Depois a graça era fugir dos respingos quentes que voavam da panela, e são muitos porque para alcançar o ponto demora umas 2 horas mexendo. Depois raspávamos a panela e a mesa!! Todos os meus aniversários tinham a cocadinha e nas férias quando ela chegava em casa também. Com o tempo a cocadinha sumiu do mapa, por uns 20 anos e só reapareceu semana passada. Quando mordi, meus olhos lacrimejaram, não só porque é muito boa, uma explosão doce, mas porque eu realmente senti o gosto de uma história, de uma família, de uma lembrança feliz.

Bom, segue a receita com cheiro e gosto de infância:
1 lata leite condensado
700 g de açucar
200 g de côco ralado (tem que ser fresco!!)
2 colheres de sopa de manteiga

Utensílios essenciais: panela de ferro grossa e colher de pau com cabo comprido!

Tudo na panela, fogo baixo, mexe por volta de 2 horas, pode parar para descansar, mas não saia da cozinha, o fundo pode queimar a qualquer momento. O ponto é quando a massa desgruda do fundo e das bordas. Desligue o fogo, leve a panela para uma superfície firme e fria (o chão é um bom lugar), e mexa com muito vigor! Essa parte chama-se bater a cocada. Se não tiver braços fortes peça para alguém que faça para você. A massa vai ficando amarelinha e mais dura. Depois de uns 5 minutos batendo, despeje a mistura numa superfície de mármore untada com margarina ( pode ser a mesa ou a pia). Espalhe bem e rápido (conforme esfria, ela endurece) com uma espátula e depois de fria,
corte em losangos. A cocadinha dura por vários dias em pote fechado.
Aproveite!!
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário